Projeto Jovens Caminhos: conheça o professor Akio Goya, especialista em tecnologia no ABC e em Columbia, nos EUA.

Projeto Jovens Caminhos: conheça o professor Akio Goya, especialista em tecnologia no ABC e em Columbia, nos EUA.

Quem vê o professor Walter Akio Goya e seu longo cabelo em rabo de cavalo não imagina que por trás daquele jeito tímido, olhar asiático camuflado pelos óculos, tem um gigante conhecedor de tecnologia. Sua formação acadêmica é requintada por cursos prestigiados, o último deles um mestrado na Universidade de Columbia, nos EUA, no Instructional Technology and Media.
Mas os inúmeros títulos acadêmicos não fazem sombra à dedicação e ao carinho que prof. Akio transmite no papel de docente, em especial em sua mais recente atividade, no curso de Programação, Informática Básica e Criação de Sites, do Projeto Jovens Caminhos. Ele atua nessa parceria do Instituto GEA com a Petrobras desde 2023.

Minuto de meditação
“No início de todas as aulas, tenho o hábito de começar fazendo um minuto de meditação, para ajudar os estudantes a se acalmarem e focarem a atenção na aula. Apesar de muitos darem risada ou ficarem um pouco apreensivos nas primeiras tentativas, em quase todas as turmas recebo comentários de que estão utilizando a técnica na escola e em outras áreas da vida”, alegra-se Akio.
Formado em Matemática e em Sistemas da Informação, mestre em Engenharia da Computação e especializado em Gestão da Aprendizagem, professor Akio descobriu a paixão pela sala de aula entre 2011 e 2018. Nesse período, atuou como consultor técnico e docente do curso de capacitação de cooperativas de catadores na reciclagem de resíduos de eletroeletrônicos, uma parceria entre o LASSU-USP (Laboratório de Sustentabilidade da Universidade de São Paulo) e o Instituto GEA.
“Fiquei encantado com o trabalho dos catadores e aprendi na prática muito sobre a didática para pessoas que não tiveram acesso ao ensino formal, expertise de Ana Maria Luz e Araci Musolino, do Instituto GEA”, aponta.
Para ele, o Jovens Caminhos é iniciativa importante para os territórios de baixa renda onde atua, no ABC paulista, criando oportunidades para que jovens tenham um primeiro contato com o mundo da tecnologia digital a partir da perspectiva de criadores, e não de meros consumidores.
“Além do próprio letramento digital, pois muitos participantes não têm acesso a computadores em suas casas, eles têm a oportunidade de experimentar os primeiros passos na criação de websites e programação. Aprendem que podem programar a máquina e seus futuros, ao invés de serem programados por ela. Além disso, aprendem a aplicar a resiliência que já possuem, em uma área que exige muita dedicação, mas que também é muito recompensadora”, descreve.
Prof. Akio elogia a criatividade dos jovens brasileiros e a capacidade de improvisar soluções, “habilidades que não são tão óbvias para estudantes de outros lugares do mundo”, testemunha, após a experiência nos últimos dois anos trabalhando como assistente de uma disciplina de Design na Universidade de Columbia.

Mães assíduas na aula
Professor Walter Akio tem 36 anos e atua também como consultor em tecnologias educacionais, pelo Transformative, Learning Technologies Laboratory (Universidade de Columbia), como professor do Programa Paideia do LASSU-USP e como pesquisador/designer instrucional (Instituto Catalisador).
Depois da experiência capacitando catadores na reciclagem de resíduos eletroeletrônicos na parceria LASSU-Instituto GEA, em 2018 ele começou a dar aulas no Programa Paideia, também do LASSU-USP. O Paideia foi idealizado pela professora Tereza Carvalho para que jovens oriundos de escolas públicas pudessem ter contato com o mundo da computação e possivelmente vislumbrar uma carreira na área. “Desde então, venho atuando em diversas disciplinas do curso e recebi o convite para participar do projeto Jovens Caminhos, assim que terminei meu mestrado”, conta.
Sobre fatos pitorescos no Jovens Caminhos, prof. Akio lembra que na primeira turma de 2023, Edvânia, uma das estudantes mais assíduas, contava que brigava com a mãe para frequentar as aulas. “Muitas vezes, sua mãe queria que ela realizasse tarefas domésticas no horário das nossas atividades, mas ela sempre dava um jeitinho de convencê-la da importância do curso para ela”, comenta, puxando ainda pela memória: “Também na primeira turma, tivemos dois estudantes e suas mães frequentando as aulas. E as mães eram mais comprometidas que os filhos”, diverte-se.