Sustentabilidade
O momento histórico que marca a intensificação deste processo de degradação é a Revolução Industrial, no séc. XVIII, todavia, este é apenas o evento externo, a cisão entre o homem e a natureza já havia ocorrido muito antes.
Se para as culturas antigas, tanto no ocidente quanto no oriente, a interação com a natureza era algo, por assim dizer ‘natural’, que inclusive fazia parte das mitologias dos povos, pode-se considerar o período da Idade Média ocidental como o momento em que há esta ruptura no plano psicológico.
Para o homem medieval a única coisa que importava no mundo era a sua visão de Deus e a expectativa pela vida no paraíso. Portanto, o cuidado com a vida terrena não era a coisa mais importante e nem chegava a ser considerado como uma prioridade, pois esta era apenas uma realidade passageira.
Com o passar do tempo, na entrada da Idade Moderna, as grandes navegações são o sinal de um novo sistema de organização econômica da sociedade em nascimento, o mercantilismo. Neste sistema, a expansão territorial e o lucro por meio da exploração das colônias era a norma corrente, não havendo preocupação com os danos causados neste caminho.
Somente após este percurso, considerada ainda a influência dos pensadores do liberalismo econômico, como os escoceses Adam Smith e David Ricardo é que se chega à Revolução Industrial, marcada em suas diversas fases pela alternância entre as fontes energéticas de origem mineral (carvão, petróleo, etc.).
Por outro lado, somente nos anos 70 é que se tem as primeiras manifestações da preocupação com os danos causados ao meio ambiente, década que inclusive este em que tema tornou-se pauta de discussão internacional no seio da ONU.
Apesar de ser um consenso na atualidade a necessidade de se discutir a questão ambiental, tem sido cada vez mais difícil se chegar a um consenso de como se manter os rumos do crescimento econômico e do desenvolvimento humano, sem prejudicar ao ecossistema e à própria vida humana.
Este é o desafio da sustentabilidade, manter em equilíbrio a relação entre o desenvolvimento humano (individual e social), o crescimento econômico e a preservação do meio ambiente.
Os resultados obtidos pelos encontros realizados no Rio de Janeiro (ECO 92) e em Johannesburgo (Rio + 10), bem como o fracasso das negociações em Kyoto, em 1999, e em Kopenhagen, em 2009, são provas da dificuldade de se efetivar esta proposta de desenvolvimento sustentável.
No nosso entendimento, isto ocorre, pois a humanidade não está preparada para o desenvolvimento sustentável. Por que entendemos assim? Pois a sustentabilidade somente será possível quando o homem (enquanto pessoa, indivíduo), primeiramente, aprender a viver de maneira sustentável.
Hoje não se cuida do próprio corpo, da própria casa, da carreira profissional, dos pensamentos que alimentamos em nossa cabeça, etc. É da falta de uma organização própria de cada um de nós que se dá origem aos problemas ambientais que se encontram amplificados no contexto das organizações humanas.
Portanto, antes de ser uma política internacional, governamental ou empresarial, a sustentabilidade deve ser um modelo de condução da própria vida para que possamos impedir a degradação do meio ambiente.
Deste modo, para que possamos viver em uma sociedade sustentável é necessária a formação do homem para a sustentabilidade. Isto significa fazer a Paidéia na contemporaneidade.
Não há momento melhor que o atual para este novo renascimento da humanidade. Devemos saber aproveitá-lo para, a partir da refundação de nós mesmos, construirmos esta nova realidade.